Por Tetê Ribeiro
Há alguns dias, uma amiga perguntou se o meu filho que tem dois anos já estava na “escolinha”. Como pedagoga e psicopedagoga, eu tenho uma visão maior do que vem a ser e como funcionam as instituições de ensino e, claro, esse termo não me soou bem. Na verdade, precisamos mudar a forma como enxergamos as escolas de educação infantil, começando pela mudança na forma como as chamamos. A expressão “escolinha” começou há muito tempo, quando a sociedade não entendia a importância desta fase na vida da criança; na verdades elas eram tratadas como adultos em miniatura (este é um assunto para outro post).
Ao contrário do que muitos pensam a escola de educação infantil não existe apenas para que o aluno brinque. É claro que o brincadeiras existem, mas todas elas são propostas pelos professores com um propósito – elas contém um viés educativo e pedagógico. Quando os pais decidem colocar os filhos nas escolas de infantis, estão começando uma jornada rumo ao interesse e participação deles no mundo do conhecimento e, futuramente, poderão colaborar de forma positiva com a sociedade. É importante que os responsáveis saibam algumas informações que norteiam as atividades de instituições de ensino:
Educação é um direito e segundo a resolução CNE/CEB nº 5/2009, além das instituições particulares, a educação Infantil deve ser oferecida pelo Estado que precisa garantir a oferta gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção.
Ainda de acordo com a resolução acima, os responsáveis no repasse de conteúdos aos pequenos de até 5 anos devem ser aqueles profissionais formados em Pedagogia, pós em Educação Infantil e, claro, precisam sempre buscar oportunidades de melhorar cada vez mais sua atuação em sala de aula.
Tanto que para que isso aconteça, a resolução do CNE/CEB nº 5/2009 recomenda que o professor (a):
“● participe de experiências formativas diversificadas que lhe ofereçam oportunidades de construir conhecimentos, habilidades e valores, fortalecer seu pensamento crítico, seu raciocínio argumentativo, sua sensibilidade pessoal, sua capacidade para trabalhar em equipe e para tomar decisões;
● estabeleça uma relação lúdica e criativa com o saber…;
● articule os vários conceitos trabalhados em sua formação com sua prática profissional cotidiana…;
● reveja e aprofunde conhecimentos sobre a organização e operacionalização dos cuidados com a higiene, alimentação e bem estar dos bebês e crianças de até cinco anos em ambientes de educação coletiva…;
● domine os elementos básicos do trabalho com as linguagens artísticas, do conhecimento linguístico e matemático, noções do sistema imunológico e outros conceitos ligados aos cuidados físicos e afetivos da criança…;
● domine conhecimentos sobre a diversidade cultural brasileira, as desigualdades sociorraciais, bem como sobre a superação de todas as formas de discriminação e preconceito;
● examine seu modo de agir a partir de condições concretas, ao mesmo tempo em que percebe o quanto suas formas de reação e as concepções que as justifiquem podem ser modificadas;
● desenvolva formas de compartilhar com os familiares da criança suas experiências e de inserir os pais na gestão pedagógica da unidade educacional.”
Veja que recentemente, após a aprovação do Plano Nacional de Educação que prevê aplicação de até 10% do PIB na educação, uma das metas para a Educação Infantil é ter 100% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas na pré-escola até 2016 e 50% das crianças com até três anos matriculadas em creches nos próximos dez anos.
Com todos estes esforços que precisam ser praticados por Estados e Municípios é, no mínimo, injusto que continuemos a pensar que nossos pequenos vão para a “escolinha”. Na verdade, a forma como nossos filhos vão encarar o estudo começa na Educação Infantil, à partir desta rica vivência; é uma grande responsabilidade. Os profissionais que estão ali devem ter requisitos mínimos – normal superior para auxiliar e pedagogia para regente de sala – para trabalhar e os investimentos estão sempre acontecendo tanto por parte das instituições, quanto por parte dos recursos humanos que recorrem a cursos de especialização e oficinas específicas.
Curso de Pós em Educação Infantil e Alfabetização no ICG
Com os dados mostrados acima, é fato que mais vagas vão surgir para as crianças e, automaticamente, para professores! Apresenta-se, então, uma sensível ampliação no mercado de trabalho, gerando a necessidade de professores capacitados para atuar nas salas de aula, portanto, pra quem já tem a graduação de Pedagogia, é interessante que opte – caso queira trabalhar com este segmento da educação – por uma pós graduação específica. Além de ser um diferencial no trabalho, o especialista consegue melhorar o salário (até 30% a mais) – caso seja um profissional concursado, por exemplo.
Como educadora e profissional de comunicação, indico aos colegas de sala de aula o curso de Educação Infantil e Alfabetização do ICG, que tem o objetivo de capacitar profissionais da educação para a compreensão da perspectiva da pedagogia da infância, proporcionando momentos de reflexão, análise e (re)significação da ação pedagógica na educação infantil e alfabetização.
Além de buscar o entendimento histórico da educação infantil e da alfabetização são discutidos nas aulas assuntos do que acontece hoje, as bases legais, metodológicas, didáticas e quais aspectos dessas fases de educação precisam ser repensados com vistas à uma prática mais humanizada e eficaz. Com carga horária de 720h e duração de 13 meses, podem participar das turmas de Educação Infantil os portadores de Diploma de Curso Superior; aos profissionais da Educação, da Psicologia e demais áreas afins, que busquem qualificação e aperfeiçoamento.
Tetê Ribeiro é pedagoga, psicopedagoga e jornalista. Atualmente trabalha com Educação Infantil na rede municipal de ensino em Goiânia e desenvolve assessorias em educação e comunicação, inclusive no Instituto Consciência GO, local onde cursou a especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
Fonte:
MEC – Parecer do CNE/CEB nº 17/2012 – http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=11250&Itemid=
MEC – Plano Nacional de Educação – http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf